O Círio de Nazaré. Os 2 Milhões de Fiéis. A Economia Aquecida. O Turismo em Evidência



 Neste domingo, 13, aconteceu a procissão mais importante da festa religiosa, que simboliza a devoção e a fé dos paraenses. Mais de 2 milhões de fiéis se reúnem anualmente para a procissão em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do estado do Pará, em Belém. Há mais de dois séculos, a tradição do Círio de Nazaré se mantém viva desde o achado da imagem, em 1700.  

O ministro do Turismo, Celso Sabino celebra o impacto no setor. Ele ressalta que o expressivo crescimento do número de visitantes do evento e a expectativa quanto a encontros a exemplo da COP 30 de 2025 colocam a cidade no centro das atenções internacionais, consolidando a capital como a principal porta de entrada da Amazônia.  

“O Círio de Nazaré, mais do que uma manifestação religiosa, é um motor para a economia local, que gera oportunidades para os setores de turismo, comércio e serviços de Belém. Além de fortalecer o sentimento de fé e união entre os paraenses e os visitantes, o evento gera renda, empregos, inclusão, além de projetar a capital paraense como um destino turístico brasileiro de destaque”, frisa Sabino.

A visibilidade internacional de Belém foi reforçada neste ano por eventos como o Encontro de Ministro do Turismo do G20, organizado pelo Brasil e que levou à cidade representantes de 44 países. Vários participantes expressaram encantamento com as belezas naturais e a rica gastronomia da região, levando em suas malas lembranças e, também, uma profunda admiração pela cultura paraense. 

Pelo segundo ano consecutivo, o Ministério do Turismo marca presença na celebração, com um espaço especial localizado na Avenida Nazaré, uma das principais vias por onde passa a procissão. A Casa do Turismo recebe convidados em uma ação que integra a estratégia de ampliar a promoção do Norte do Brasil e, especialmente, de Belém.

O Círio de Nazaré, um dos maiores eventos religiosos do Brasil e do mundo, move não apenas multidões de fiéis em outubro, mas também a economia de Belém do Pará. Centenas de empreendedores aproveitam esta época do ano para apostar nas vendas de comidas e bebidas típicas, além de artesanato aos turistas que vão à cidade prestigiar a celebração. Neste ano, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) no Pará estima que aproximadamente 89 mil turistas passaram pela capital paraense durante o Círio, incrementando R$ 189 milhões na economia local.  

A cidade, conhecida pela hospitalidade, transformou-se em um grande centro de recepção, com casas de moradores repletas de parentes, amigos e lotação máxima nos hotéis e restaurantes. O fluxo se reflete no Aeroporto Internacional da capital, onde o número de passageiros é 25% maior que no mesmo período de 2023. 

O aumento da demanda neste ano foi tão significativo que houve a oferta de cerca de 3 mil voos no período, sendo 90 extras, para contemplar viajantes que participarão do evento. O impacto do Círio é perceptível em Belém. Além da grande procura pela Basílica de Nazaré, os fiéis estimulam o comércio de artigos religiosos, como velas, terços e estatuetas. 

“Os peregrinos não vêm apenas para rezar, eles também compram produtos religiosos, o que ajuda a manter as lojas e os vendedores locais”, aponta o vendedor ambulante Francisco Andrade. Os produtos religiosos tornam-se símbolos de fé, sendo levados como “souvenir” por turistas de diferentes partes do Brasil e do mundo. 

O depoimento da proprietária de uma das lojas de artesanato da região reforça a importância da festa ao comércio. Maria de Lourdes Ferreira, que trabalha no local há mais de 40 anos, afirma que a celebração representa uma das épocas de maior movimento. “O Círio é um período em que a gente trabalha intensamente. Turistas de todos os lugares querem levar uma lembrança, principalmente as peças artesanais feitas aqui no Pará”, conta. Segundo ela, muitos clientes fazem questão de adquirir peças exclusivas, perpetuando as tradições da região.

Sílvia Ondina, moradora de Belém e vendedora ambulante, comemora o impacto positivo do período. “Eu trabalho há 17 anos aqui na porta da igreja vendendo artigos religiosos. Não apenas no Círio, mas o ano inteiro. As vendas nessa época do ano aumentam bastante. O que eu consigo aqui dá para pagar a taxa da época do Círio, as mercadorias que vendemos e ainda sobra lucro. Nessa época do ano, a gente arrebenta!”, comenta. Sílvia ressalta que o período favorece vendas de pequenos empreendimentos, como os de comidas típicas. Dionis de Souza é outro ambulante que trabalha na Praça da Basílica durante o evento. Ele relata que há oito anos atua no local para aproveitar o grande fluxo de fiéis. 

“Nós vendemos artigos religiosos em todas as festas de Belém e redondezas, mas o Círio é a maior delas, onde conseguimos lucro de verdade”, diz. Souza indica uma intensa rotina nos dias mais frequentados do evento. “Acordo às quatro horas da manhã e só volto para casa às dez da noite. Nos dias fortes de movimento, não damos conta de atender todo mundo”, afirma.

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