Papão. O Hélio dos Anjos. A Torcida Enfurecida. A Saída Melancólica. O Preço da Arrogância



 A boçalidade e a arrogância não resistiram ao Amazonas. Hélio dos Anjos, o “Boca Maldita”, não é mais técnico do Paysandu. A bem da verdade, Hélio já vai tarde. Após 24 rodadas no comando técnico do Papão da Curuzu, Hélio sai pela porta dos fundos enxovalhado pela mesma torcida que até um dia desses o enaltecia e alimentava seu egocentrismo.

Além do treinador, também deixam o clube os auxiliares Guilherme dos Anjos e Marcelo Rocha. A demissão foi anunciada logo após a coletiva realizada com o treinador. A decisão da diretoria levou em consideração mais uma derrota na Série B, agora em casa, para a equipe do Amazonas. O placar de 1 a 0 deixou a torcida revoltada, criando até um princípio de tumulto na saída do time para o vestiário. Ao som de vaias e xingamentos, o comandante deixou o palco do jogo sob a proteção da Polícia Militar, tamanha era a fúria da Fiel Bicolor.

A situação de Hélio dos Anjos vinha definhando desde que o time desandou na Série B e começou a desperdiçar pontos importantes dentro e fora de casa. Para se ter uma ideia do panorama, em 12 partidas disputadas em casa, o Paysandu ganhou apenas três, perdeu outras três e empatou seis vezes. Dos 32 pontos disputados como mandante, apenas 15 ficaram na Curuzu.

Depois de um começo de temporada promissor, com direito a conquista do Parazão e Copa Verde, o Paysandu estreou na Série B com a melhor das expectativas, ainda que o adversário fosse o Santos, na Vila Belmiro. Na primeira rodada o time perdeu por 2 a 0. A primeira vitória só veio na oitava, contra o América-MG. A partir daí vieram outras quatro e um novo jejum, que perdurou até a fatídica derrota para o Amazonas. Até o momento a diretoria não definiu quem será o substituto a comandar o time na próxima partida em casa, pela 26ª rodada, contra o Guarani.

Além da questão do alto número de empates e derrotas, outro fator que pesou na decisão foi a relação desgastada do técnico com o elenco. Em alguns momentos da Série B, Hélio foi muito criticado por não utilizar algumas peças, especialmente o venezuelano Esli Garcia, que chegou ao Paysandu e logo se tornou o artilheiro do time na competição, com seis gols, e ainda assim não ganhou espaço entre os titulares.

A relação entre ambos estremeceu quando o jogador marcou o gol do empate na partida contra o Goiás, na Serrinha. Esli comemorou o momento com uma “encarada” em direção ao técnico. E isso Hélio não engoliu: uma formiga peitando um elefante. 

A última vitória conquistada pelo Paysandu foi no dia 20 de julho, ocasião em que o Papão derrotou a Ponte Preta pelo placar de 1 a 0. Hélio dos Anjos deixa o Paysandu na 15ª posição, com 27 pontos. A campanha total do treinador no comando bicolor, em 2024, foi de 47 partidas, sendo 19 vitórias, 18 empates e 10 derrotas.

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