O Rei do Gado de “Fachada”. O Esquema Criminoso. A Ramificação no Pará



 Como já dito aqui em O Antagônico, uma bomba está prestes a explodir no Pará. Estamos falando do caso de um empresário que ficou nacionalmente conhecido como Rei do Gado – nome de uma novela exibida pela TV Globo nos anos 1990 – por “possuir” várias fazendas, com rebanhos gigantescos. No entanto, uma investigação da polícia descobriu que ele era dono delas apenas no papel. E na verdade, era o responsável por um grande esquema criminoso.

Segundo os documentos oficiais emitidos pela Secretaria da Fazenda do Maranhão, José Roberto de Castro Viana vendeu quase 500 milhões de cabeças de gado somente entre julho de 2021 e abril de 2024. No entanto, o Ministério Público do estado comparou as informações prestadas pelo pecuarista. E viu uma diferença entre o tamanho das propriedades dele e a quantidade de gado presente nelas.

A investigação diz que o empresário corrompeu funcionários públicos para obter e fraudar documentos oficiais que demonstravam que as cabeças de gado saíam de propriedades dele e iam para os frigoríficos. Ele, no entanto, vendia os documentos para criadores de bois clandestinos que negociavam o rebanho sem respeitar regras sanitárias. Se as contas de José Roberto estivessem corretas, ele precisaria ter uma área 10 mil vezes maior do que a que realmente tinha para caber a quantidade de cabeças de gado que ele dizia ter. No esquema de José Roberto, o nascimento dos bois – que é registrado no sistema estadual de controle de rebanho – também era adulterado. 

No tempo normal, do boi ir para o pasto até a carne chegar ao prato leva entre 1 ano e meio e 2 anos. Na fraude, os bezerros em registrados em um dia, e minutos depois, já tinham dois anos de idade – idade pronta para ser abatida. Assim, o gado clandestino passava a ter um histórico real documentado, e podia ser transportado pelos frigoríficos como se tivesse saído do Maranhão, de suas propriedades.

Quem percebeu a fraude foi a defesa agropecuária da Secretaria de Agricultura de São Paulo, que estranhou a frequência e a quantidade de animais vindos das fazendas maranhenses e as guias de transporte emitidas quase sempre pelo mesmo funcionário. O MP do Maranhão descobriu a fraude e afastou seis funcionários. Além de José Roberto, preso em Brasília, outras 20 pessoas foram identificadas no esquema.

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