As safras de soja e milho do Brasil podem surpreender positivamente, apesar dos problemas climáticos iniciais na temporada 2023/24, e a expectativa é de um segundo semestre movimentado nas exportações de grãos, avaliou o presidente da Cargill no país, Paulo Sousa. Por ocasião da divulgação dos resultados da empresa em 2023, quando a companhia registrou lucros e investimentos recordes no Brasil, Sousa avaliou que as revisões na safra brasileira de soja de agora em diante deverão ser feitas para cima, à medida que os resultados de áreas mais tardias, como Rio Grande do Sul e Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), têm sido positivos.
“Nós não reportamos números de safra, mas a visão nossa é que a safra de soja não é tão pior que a do ano passado, porque tivemos problema no começo, em Mato Grosso, mas Matopiba está tendo uma safra muito boa. Então há outras regiões que compensam essa quebra que teve em Mato Grosso. Essa é a nossa visão“, disse ele.
Pela última estimativa da estatal Conab, a produção em 2023/24 está estimada em 146,52 milhões de toneladas, decréscimo de 5,2% frente ao recorde do ciclo anterior. No caso do milho segunda safra do Brasil, que responde por cerca de 75% da colheita do cereal no país, a expectativa também é favorável, ainda que abaixo dos patamares históricos. “A safrinha não é recorde como no ano passado, mas é muito boa, e tem uma expectativa de um segundo semestre de logística cheia, tanto soja quanto milho sendo exportados”, afirmou Sousa, evitando fazer projeções de volumes da exportação.
No ano passado, o Brasil exportou mais de 100 milhões de toneladas de soja pela primeira vez, enquanto a de milho superou 50 milhões de toneladas no ano, níveis recordes que ajudaram nos resultados da unidade brasileira Cargill. O volume total de produtos originados, processados e comercializados pela Cargill também cresceu 10 milhões de toneladas de 2022 para 2023, totalizando cerca de 51 milhões de toneladas, principalmente com maiores volumes de soja e milho.
A Cargill registrou lucro líquido recorde de 2,5 bilhões de reais em 2023 no Brasil, alta de 101% ante 2022. Os resultados da gigante do agronegócio no Brasil foram beneficiados também — além das grandes safras no país — por preços favoráveis no mercado internacional em 2023 e pela quebra severa da colheita na Argentina, tradicionalmente maior exportadora de óleo e farelo de soja.
Isso trouxe uma demanda adicional ao Brasil, fazendo com que as margens de esmagamento de soja atingissem patamares recordes no Brasil, disse Sousa. Já o investimento da Cargill no Brasil somou 2,6 bilhões de reais em 2023, alta anual de 116%, com aquisições de processadoras de soja e unidades de biodiesel, afirmou o executivo. A empresa com sede nos Estados Unidos concluiu em dezembro a aquisição de três plantas de esmagamento de soja e produção de biodiesel no Brasil que anteriormente pertenciam à Granol.
Para 2024, a Cargill projeta lucros e investimentos mais baixos no Brasil, uma vez que não estará presente uma conjunção de fatores impulsionadores dos números de 2023. O executivo não revelou metas, mas disse que as margens de esmagamento caíram pela metade no Brasil em 2024 em relação às máximas de 2023, com a recuperação da safra da Argentina e preços mais baixos das commodities agrícolas.
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