São Paulo. O Boulos. O Nunes. O Edmilson Rodrigues. A Bucha de Canhão. O Psol em Frangalhos



 Quem diria? Edmilson Rodrigues, que nas eleições municipais de 2020 foi catapultado à prefeitura de Belém, com ajuda de toda a base do Psol nacional, com direito a depoimentos de estrelas militantes como Chico Buarque e Caetano Veloso, figuras que não sabem nem pra que lado fica o Pará, quiçá Belém, agora servirá de “bucha de canhão” para as pretensões do  psolista Guilherme Boulos, pré-candidato à prefeitura de São Paulo.

A coordenação da pré-campanha à reeleição do prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), já definiu qual será uma das linhas de ataque a Boulos, considerado seu principal adversário na disputa pela Prefeitura de São Paulo nas eleições de outubro deste ano. O plano é explorar ao máximo, inclusive na propaganda eleitoral em rádio e TV, os problemas da gestão Edmilson Rodrigues (PSol) em Belém, no Pará, com o objetivo de mostrar aos paulistanos que o partido de Boulos é incapaz de comandar grandes cidades.

Belém é a primeira e única capital brasileira conquistada pelo PSol até hoje. Edmilson Rodrigues venceu a eleição em 2020 derrotando o candidato bolsonarista Everaldo Eguchi (Patriota) no segundo turno e até hoje não disse a que veio. Mas agora, segundo levantamento do instituto Paraná Pesquisas, ele é o prefeito com a pior avaliação entre dez capitais pesquisadas.

Segundo o instituto, a desaprovação à gestão do PSol em Belém é superior a 70% e o atual prefeito aparece em segundo lugar nas simulações para a disputa eleitoral deste ano, atrás do deputado federal Éder Mauro (PL), do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Algumas semelhanças entre Boulos e Rodrigues já são elencadas por aliados de Nunes nos bastidores. Uma delas é o perfil de ambos. 

Assim como o deputado paulista, o prefeito de Belém, que é arquiteto de formação e doutor em geografia humana pela Universidade de São Paulo (USP), também atuou como professor universitário. Além disso, Rodrigues foi eleito em 2020 tendo um nome do PT como vice em sua chapa — mesma aliança definida por Boulos com os petistas de São Paulo — e um discurso mais veemente de mudança na gestão — o slogan da coligação na campanha foi “Belém de Novas Ideias”.

Entre os problemas enfrentados pela gestão do PSol em Belém que já foram mapeados pelo staff de Nunes, além do lixo, que tomou conta da “cidade das mangueiras”,  está a greve de médicos que chegou a paralisar por dias a funcionamento de Unidades de Pronto Atendimento (UPA) na capital paraense em outubro, por causa de salários atrasados. A ideia dos emedebistas é explorar nas peças publicitárias e nos debates algo como “veja o que o PSol de Boulos fez em Belém”, estratégia bastante comum nas eleições. 

Um dos argumentos para colar a gestão de Belém na imagem de Boulos é o fato de o parlamentar psolista não ter nenhuma experiência em cargos do Executivo — o primeiro mandato de Boulos é o de deputado federal, a partir de 2023. A coordenação geral da campanha de Ricardo Nunes será feita pelo deputado federal Baleia Rossi, que também é presidente nacional do MDB. Baleia se reuniu com o prefeito paulistano na semana passada para definir estratégias da pré-campanha.


Comentários