A Delegada. O Jornalista. O Constrangimento. A Corregedoria e a Apuração



 A Corregedoria abriu procedimento para apurar a conduta da delegada da Polícia Civil do Pará, Alice Lang, que deu voz de prisão a um jornalista da RBA. Em contato com O Antagônico, o delegado geral da PC do Pará, Walter Resende, disse que o caso foi encaminhado à corregedoria e que tudo será apurado com rigor. Depois do episódio, que teve grande repercussão, a delegada se licenciou do cargo alegando problemas de saúde.

O caso – Durante um programa ao vivo, o repórter Wellington Júnior foi detido após a delegada Alice Lang, pedir para a transmissão ser interrompida, em Belém. O caso foi divulgado na sexta-feira (20) pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). O jornalista estava acompanhado do repórter cinematográfico Reginaldo Rodrigues, no Bora Cidade, da RBA TV, afiliada da Band no Pará, no dia 13 deste mês. Eles reportavam da delegacia de São Brás o roubo de uma bicicleta por um trio de criminosos.

Testemunhas informaram que os profissionais estavam no pátio da delegacia, quando Alice chegou gritando. Ela ordenou que a reportagem fosse encerrada e não cedeu à explicação do repórter de que estava ao vivo. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) detalhou que, como a reportagem não cessou, Wellington Júnior ficou detido no local até que assinasse um termo circunstanciado de desobediência à autoridade policial.

Pelas redes sociais, a Abraji informou que cobrou esclarecimentos sobre o caso para a Polícia Civil (PC). Segundo relatos, o repórter cinematográfico não foi detido, mas Wellington foi, e ficou por duas horas dentro da sala da delegada, até a chegada de um advogado. Além disso, após a ordem, o repórter teria encerrado os comentários sobre o crime. Em nota, a emissora disse que os profissionais foram constrangidos e que acompanha o caso.

“Eles foram constrangidos e impedidos de fazer o trabalho pela delegada de Polícia Civil da seccional. Ela ainda não autorizou que eles deixassem o prédio até que fosse feito um Boletim de Ocorrência. Em nenhum momento, eles descumpriram qualquer ordem ou pedido prévio feito pela autoridade policial e ficaram retidos por mais de duas horas. A RBATV por meio de sua assessoria jurídica acompanha o caso e presta toda assistência aos profissionais da emissora”.

Em nota, a Associação Internacional dos Jornalistas da Amazônia, AIJAM, taxou a conduta da delegada como intimidatória e autoritária. “Estamos a’companhando o caso de perto e exigimos uma apuração de tudo. É inadmissível que nos dias de hoje ainda existam autoridades que flertem com a censura e se mostrem na contramão da democracia”. Diz a nota assinada pelo presidente da AIJAM, Roberto Barbosa.

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