Valdinei foi apontado como um dos compradores do material contrabandeado. Sua esposa, Cristiana das Dores, e duas de suas empresas, a Salinas Gold Mineração e a Mineradora Santa Clara, também foram alvo da PF.
O TRF3 acolheu um pedido de habeas corpus da defesa do empresário e da mulher dele. Os desembargadores Mauricio Kato e Ali Mazloum divergiram do relator e votaram pela nulidade das buscas. A justifica é que não há provas de que Nei e Cristiana tinham conhecimento de que o mercúrio vinha do comércio ilegal e que os mandados foram cumpridos sem indícios válidos de autoria e materialidade.
“Não há nos autos indícios mínimos de crime a indicar a necessidade da adoção de medidas constritivas ou invasivas, que objetificam, na verdade, coletar indícios da ocorrência de fato criminoso e construir elementos indiciários de materialidade e autoria delitivas”, diz Kato. Com a decisão, eventuais provas e materiais obtidos a partir das buscas também são anulados.
Como mostrou a reportagem de VEJA, publicada em dezembro, Valdinei tem uma fortuna estimada em mais de 1 bilhão de reais. Ele é dono da Fomentas Mining Company, responsável pela gestão de três grandes mineradoras: a Salinas Gold, em Nossa Senhora do Livramento (MT), a Mineração Santa Clara, em Poconé (MT), e a Mineração do Pará, em Itaituba (PA). O patrimônio foi construído em meio a polêmicas. Ele teve 19 milhões de reais bloqueados na operação Hermes para reparar prejuízos causados por garimpo ilegal, desmatamento e assoreamento de rios.
Segundo o MPF, Nei lucrou 33 milhões de reais com o ouro produzido com mercúrio ilegal. Em março, o TRF1 trancou ação penal contra o bilionário por suposto crime ambiental. A Santa Rita Agropecúaria, empresa da qual Valdinei é socio, foi multada pelo Ibama em 2015 por destruir 65,03 hectares de floresta na região Amazônica sem licença ambiental.
A defesa entrou com habeas corpus e argumentou que a denúncia foi oferecida “unicamente por ser sócio-administrador de empresa objeto de fiscalização ambiental, sem qualquer individualização de conduta”. A mineradora Santa Clara também foi alvo do Ministério Público do Trabalho por coagir funcionários a votar em Jair Bolsonaro em 2022.
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