O corregedor-geral penitenciário, Renato Nunes Valle, considerando que é obrigação da autoridade pública, ao tomar ciência de irregularidade no serviço público, promover a apuração imediata dos fatos, determinou a instauração de Sindicância Administrativa Investigativa n.º 7457/2023-CGP/SEAP, objetivando apurar as circunstâncias do óbito do preso Sebastião Cardias Alves, quando custodiado no Centro de Recuperação Coronel Anastácio das Neves.
Para refrescar a memória dos leitores, Sebastião Cardias, que era assessor do ex-deputado estadual Vilmar Freire, foi preso em 2007 por envolvimento no assassinato dos irmãos Ubiraci e Uraquitã Novelino, cujos corpos foram concretados, colocados em tambores e jogados na Baia do Guajará.
Cardias é o segundo envolvido no crime que morreu na prisão. O radialista Luís Araújo, condenado a 20 anos de prisão, morreu no dia 9 de abril de 2010, no presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso. No dia 25 de fevereiro de 2012, cinco anos após o crime, o deputado estadual Alessandro Novelino, irmão de Ubiraci e Uiraquitã, morreu em um acidente aéreo. O avião em que o deputado viajava caiu em uma ilha perto do município de Acará. Na tragédia morreram ainda o piloto da aeronave, Roberto Figueiredo e José Augusto dos Santos, assessor do deputado.
Câncer – Sebastião Cardias, que teria estrangulado as vítimas, faleceu no dia 03 de janeiro deste ano. Ele foi condenado a 80 anos de prisão pela morte dos irmãos Novelino. Ele estava internado no Hospital Municipal de Santa Izabel desde 15 de dezembro, onde investigava uma doença pulmonar, com suspeita de câncer no pulmão.
De acordo com a Seap, ele realizava acompanhamento de saúde no Hospital Barros Barreto, em Belém, e também era assistido pela equipe de saúde da unidade prisional em que estava custodiado, no Complexo Penitenciário de Santa Izabel, na Região Metropolitana de Belém. Em 2015, ele já havia recebido alvará de liberdade provisória da Justiça do Pará para tratar, em casa, complicações de saúde provocadas por diabetes. À época, ele foi monitorado por tornozeleira eletrônica.
O crime – O empresário Chico Ferreira devia R$ 4 milhões para Ubiraci e Uraquitã Novelino e decidiu mandar matá-los para não pagar a dívida, com a ajuda do radialista Luiz Araújo. No dia 25 de abril de 2007, os irmãos foram atraídos para uma empresa de Chico Ferreira. Os assassinos entraram e simularam um assalto. Após a perícia ficou provado que havia sinais de sangue humano no auditório da empresa, que foi lavado após o crime pelos próprios acusados.
No local, os irmãos foram amordaçados e obrigados a deitar no chão. Em seguida, foram algemados e estrangulados com uma mangueira plástica. Luiz Araújo então foi chamado por Ferreira para levar o carro das vítimas até um sítio do radialista, em Benfica, região metropolitana de Belém. O radialista alegou que não sabia do assassinato, e só atuou no desmanche do carro das vítimas. No entanto, a investigação o apontou como intermediário para a contratação dos executores e responsável pela logística do crime.
Os corpos foram colocados em tambores e depois jogados na baía de Guajará. Os corpos foram encontrados nos dias 7 e 9 de maio de 2007. Os julgamentos ocorreram meses após o crime. Em novembro de 2007, Sebastião foi condenado por duplo homicídio triplamente qualificado. O outro homem apontado como executor do crime foi o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim, também condenado a 80 anos de cadeia.
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