O Pará. A Vaca Louca. A China. A Arrouba do Boi. O Risco de Alta de Preço



 O Ministério da Agricultura teve uma reunião com as autoridades sanitárias chinesas sobre o caso atípico de Mal da vaca louca no estado do Pará. O mercado físico do boi gordo termina a semana cercado de expectativas. A reunião ocorreu na última terça feira, 07, para esclarecimentos das informações do caso atípico de mal da vaca louca. 

Segundo informações de Lygia Pimentel, CEO da Agrifatto, não houve novidades na reunião, sendo que os chineses fizeram muitas perguntas, entretanto a liberação ainda não veio. O comitê científico da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) informou que o Brasil segue com o status de risco insignificante para o Mal da vaca louca. Além disto a Organização informou que encerrou as investigações do caso atípico que foi notificado no estado do Pará em fevereiro. No que diz respeito ao embargo da China, não houve novidades ao longo do dia, com o mercado seguindo em compasso de espera, aguardando o aval chinês. 

“Portanto, no momento em que a retomada for anunciada, haverá grande apetite da indústria, o que remete à recuperação dos preços em grande parte do país. Vale destacar que esse cenário se aplica a uma retomada das compras chinesas ainda nesta semana. Caso a China opte por analisar com mais cuidado as amostras e não retome imediatamente as compras, a dinâmica muda”, adverte. 

O mercado físico do boi gordo voltou a apresentar preços firmes no decorrer da quinta-feira, 9. Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os frigoríficos operam com escalas de abate encurtadas, o que tem justificado a recuperação dos preços ao longo da semana, em especial no Centro-Norte do país. No atacado paulista, o mercado confirmou as expectativas e registrou ajustes positivos nos preços de todos os produtos com ossos, como consequência da redução do abate que gerou um volume menor de carne para as negociações dessa semana. Sendo assim, a carcaça casada do boi castrado passou por valorização de R$ 0,80/kg, sendo negociada por R$ 18,80kg. 

“O Brasil já cumpriu com celeridade todas as etapas do protocolo, a Organização Mundial de Saúde Animal sustentou o risco insignificante para propagação da doença no país. Para acelerar o processo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, planeja viagem para a China entre os dias 20 e 22 de março”, observa Iglesias. 

Preço da arroba de boi no Brasil São Paulo, capital: R$ 274, estável; Dourados (MS): R$ 264, estável; Cuiabá (MT): R$ 240, sem alterações; Uberaba (MG): R$ 260, estável; Goiânia (GO): R$ 250, sem alterações. 

Na Bolsa de Valores, o contrato com vencimento para mar/23 fechou o dia em R$ 285,45/@, uma queda de 0,10%. Valores do dia 08 de março. O mercado atacadista apresentou preços acomodados durante a quarta-feira, 8. 

“O ambiente de negócios volta a sugerir por alguma recuperação dos preços, em especial dos cortes do traseiro bovino. Os cortes do dianteiro sofrem com a concorrência da carne de frango e não conseguem avançar de maneira tão consistente nos preços”, avalia o consultor da Safra & Mercado. 

A Associação Nacional da Pecuária de Corte (Assocon) apoia e faz parte do Grupo de Trabalho (GT) criado para revisão de contrato de exportação de carne bovina para a China. A proposta foi aceita e focará, especialmente, nos ajustes dos termos do atual protocolo sanitário. 

“A Assocon luta pelos direitos dos produtores e da cadeia da carne. Entendemos que o protocolo sanitário com a China não é justo e prejudica quem trabalha com responsabilidade e boas práticas de segurança alimentar. Vários termos devem ser revistos.”, destaca Juliane Gomes, coordenadora técnica e de projetos da entidade que integrará o Grupo de Trabalho. 

Em 2019, o embargo devido a outro caso atípico de vaca louca durou 17 dias. Já em 2021, a suspensão das exportações de carne bovina para a China perdurou por quase 120 dias. 

“Ficamos à mercê dos chineses quanto ao prazo de retorno das exportações. Essa incerteza desestabiliza o mercado e pressiona para baixo o preço da arroba do boi, prejudicando ainda mais o produtor, que sofre com custos elevados e outras barreiras”, ressalva a coordenadora de projetos técnicos da Assocon.

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