O Banpará. A Auditoria. A Suspensão dos Balancetes e a Pressão



 O Banco do Estado do Pará (Banpará) informou que optou por suspender a publicação das suas demonstrações financeiras referentes ao exercício de 2022, que estava prevista para quarta-feira (29), em razão da necessidade de conclusão dos trabalhos dos auditores independentes. Há duas semanas, quase seis meses após a eclosão de um escândalo, com a presidente, Ruth Mello, sendo investigada em função de denúncias de corrupção, o Banpará anunciou a contratação da auditoria Kroll e do escritório de advocacia Lefosse para realização de investigação forense.

No comunicado ao mercado, o Banpará não cita o caso que levou à contratação das empresas, dizendo apenas que a medida visa “atender às orientações da CTA30 e demais normas de governança corporativa e compliance correlatas”. A KPMG, que audita o balanço do banco, vinha pressionando pela contratação de uma consultoria externa, sob ameaça de não assinar as demonstrações financeiras da instituição.

Ruth foi afastada pelo conselho de administração da presidência do banco em setembro de 2022, quando uma denúncia anônima feita por funcionários foi encaminhada para o conselho de administração, apontando supostas irregularidades cometidas por Ruth e o vice-presidente financeiro Vando Ferreira. A acusação é a de que eles estavam interferindo no fluxo de pagamentos a fornecedores, cobrando propina para liberar esses pagamentos e favorecendo determinadas empresas. Uma delas é a Lanlink, onde trabalhava o companheiro de Ruth, Celso Penalber.

Ela voltou ao cargo no fim de fevereiro, graças a uma liminar da Justiça. Ainda assim a comissão processante instaurada para investigar as supostas irregularidades cometidas por ela e Ferreira concluiu que houve interferência injustificada de ambos nos fluxos de pagamentos e fornecedores do banco e que a executiva tem “relação atípica de caráter conflitante de interesse” com Penalber.

No comunicado, o Banpará diz que tão logo haja uma definição sobre a data de divulgação das referidas demonstrações financeiras informará ao mercado e aos seus acionistas, com antecedência mínima de 15 dias. 

“Por fim, o Banpará reforça o seu compromisso com a governança, a transparência, o gerenciamento de risco e o sistema de controles internos, seguindo com a notificação ao mercado com o avanço das medidas adotadas.”

Em posicionamento enviado ao Valor, a Lanlink esclarece que o Banpará emitiu comunicado ao mercado, à B3 (Bolsa de Valores) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que a sua auditoria interna não identificou irregularidades na conduta de membros de sua administração e nos trâmites do contrato com a empresa. 

“Reforçamos que o negócio o negócio realizado com o Banpará trouxe economia ao banco e seguiu todos os procedimentos previstos na Lei de Licitações e em nossa política de Compliance.” 

A Lanlink reforça ainda que qualquer órgão ou auditoria que queira investigar seus contratos com o Banpará terá total e irrestrita colaboração. 

“Nossa conduta nesse e demais clientes clientes sempre foi e será pautada pela integridade e respeito à legislação. Vale lembrar que a Lanlink é uma das pioneiras no Brasil em nosso segmento a incorporar as melhores práticas do ISO19600 – Sistema de Gestão de Compliance, sendo certificada ISO 37001- Sistema de Gestão Antissuborno, com diretoria e equipe dedicadas à área de de Compliance”. 

Em seu Linkedin, Penalber publicou que saiu da Lanlink e criou uma consultoria própria.

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