O caso do mal da vaca louca, confirmado em uma pequena fazenda de Marabá, deixou em polvorosa os produtores e pecuaristas de várias cidades onde a pecuária é uma das principais atividades. É o caso de Paragominas, Ulianópolis, Dom Eliseu, Rondon do Pará, Redenção, Altamira, São Félix do Xingu e Xinguara.
A preocupação é que o caso gere uma crise sem precedentes no setor, que já sofre com as fiscalizações do Ibama. A ocorrência teve origem em em uma propriedade com 160 cabeças de gado. A propriedade já foi isolada, inspecionada e interditada preventivamente. Além disso, teria acometido um macho de nove anos, idade considerada avançada para bovinos, criado em pasto sem ração. Ele teve a carcaça incinerada na fazenda.
Amostras do animal infectado foram enviadas a um laboratório no Canadá para checar se foi um caso clássico — com transmissão de um animal para outro — ou atípico — que tenha surgido espontaneamente na natureza, geralmente em animais idosos.
A Adepará informou ainda que trabalha com a hipótese de caso atípico, que não traria risco de disseminação ao rebanho ou a humanos. Por precaução, as exportações de carne bovina à China estão suspensas para seguir o protocolo sanitário entre os dois países. Mas descartou a existência de risco para consumidores.
O que é a doença da vaca louca?
Apesar de ser o termo mais popular, a “vaca louca”, ou Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB) é uma doença crônica degenerativa que afeta apenas os bovinos. Ao chegar em humanos, a condição recebe o nome de Doença de Creutzfeldt-Jakob, sendo uma Encefalopatia Espongiforme Transmissível Humana (EETH). O quadro degenerativo provoca alterações neurológicas e tremores, além de ser potencialmente fatal — cerca de 90% dos indivíduos infectados morrem em até um ano.
A causa da doença nos animais é chamada príon, uma proteína mal dobrada (que perde sua forma original) que pode estar em alimentos contaminados, como ração, ou presente na natureza. Entre as possíveis causas de uma EEB em humanos pode estar o consumo de carne bovina contaminada. Mas não é a única. O mal pode ter como causa quatro principais formas: Esporádica; Hereditária; Latrogênica e Variante da doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ).
Em outubro do ano passado, foram registradas duas mortes na Bahia provocadas pela doença Creutzfeldt-Jakob (DCJ), o que gerou confusão com a “vaca louca”. Mas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desmentiu isso na época. “As informações disponíveis, até o momento, indicam para um possível caso de Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) esporádica, forma que não possui relação com a ingestão de carne e subprodutos de bovinos contaminados com Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) clássica e que não é transmitida de forma direta de um indivíduo para outro”, disse o órgão.
Desde que a vDCJ foi relatada pela primeira vez em 1996, o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) cataloga 231 pacientes com esta doença até hoje, incluindo três casos relacionados à transfusão de sangue. Também provocou a morte de 280 mil vacas nas últimas décadas. Ainda não houve no Brasil nenhum caso de “vaca louca” em humanos.
“O Brasil detém, desde 2012, o reconhecimento internacional pela Organização Mundial de Saúde Animal (Omsa) como país de risco insignificante de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB)”, explicou o Mapa no ano passado após os casos na Bahia.
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