O Amapá. Waldez Góes. O Ministério. A Condenação a Prisão. As Rusgas com Randolfe



 Recém-empossado no cargo de ministro da Integração Nacional, o ex-governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), já foi condenado a seis anos e nove meses de prisão, em regime semiaberto, pela Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em novembro de 2019. A ação, contudo, foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que acolheu um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa. 

Os advogados de Góes, que negam as acusações, também recorrem da decisão. Na ação penal, o governador do Amapá é acusado de desviar valores de empréstimos consignados dos servidores estaduais. De acordo com a denúncia, em vez de ressarcir as instituições financeiras que fizeram os empréstimos, ele usou a verba para quitar despesas de outras áreas do governo estadual. 

Góes foi condenado, então, pelo crime de peculato, configurado pelo desvio de recursos públicos. Por maioria, os ministros do Superior Tribunal de Justiça também determinaram ao réu o pagamento de multa de R$ 6,3 milhões. A defesa, entretanto, apresentou um habeas corpus ao STF, argumentando que os fatos julgados teriam ocorrido durante o mandato anterior do governador e, por isso, deveriam ser julgados pela primeira instância, e não pelo STJ. 

Ao analisar o caso, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, concedeu uma decisão liminar (provisória) no pedido de em janeiro de 2020 e suspendeu a ação penal na qual Waldez foi condenado. 

O STF começou a julgar o pedido de habeas corpus em abril de 2021. Goés teve dois votos desfavoráveis dos cinco integrantes da Primeira Turma da Corte quando o caso foi interrompido por um pedido de vista. Com isso, a ação está paralisada desde então. Ainda cabe recurso.

Procurada, a assessoria  afirmou que Góes “não se apropriou de recursos públicos” e que a condenação dele “se baseou no fato de haver atrasado o pagamento dos empréstimos consignados aos bancos em época de reconhecida dificuldade do Estado”. Sustenta ainda que, em situações como essa, é “eticamente esperado” que o gestor priorize a folha de pagamento e os programas sociais à dívidas com os bancos.

Góes, do PDT, ganhou uma vaga na equipe de Lula graças à articulação do senador Davi Alcolumbre (União Brasil), de quem ele é aliado. Ele foi indicado na cota do União, sigla para a qual ele deve migrar. O favorito da bancada do União Brasil para o ministério era o deputado Elmar Nascimento (União-BA), mas ele foi vetado pelo futuro ministro da Casa, Rui Costa (PT-BA), e o senador Jaques Wagner (PT-BA). 

Aliado de primeira hora do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Elmar sempre foi visto como um opositor ferrenho do PT na Bahia. Filiado ao PDT desde 1989, Góes cumpriu seu quarto mandato como governador do Amapá. Ele concorreu a uma vaga ao Senado em 2010, mas perdeu a disputa para Gilvam Borges (MDB) e Randolfe Rodrigues (Rede). Um dos principais aliados de Lula, Randolfe é um dos maiores opositores de Góes no Amapá. Na montagem da Esplanada, o senador da Rede foi preterido e anunciado como líder do governo Lula no Congresso. Em desentendimentos passados, Randolfe já chamou Góes de “vergonha do PDT”.

O ministro possui uma longa carreira política. Filiado ao PDT desde 1989, atuou como deputado estadual, federal e chefe do executivo estadual. A primeira disputa pelo governo do Amapá. vencida por Góes foi em 2002, quando obteve a vitória no segundo turno. A primeira eleição disputada por Góes foi em 1990, quando concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Amapá e foi eleito. 

Quatro anos depois, foi reeleito. Além de Góes, o PDT indicou um segundo nome no primeiro escalão do Lula, o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, que será ministro da Previdência. A pasta de Integração e Desenvolvimento Regional está sendo recriada no novo governo Lula. Na gestão de Jair Bolsonaro, o ministério de Integração Nacional foi fundido com o de Cidades, dando origem ao Desenvolvimento Regional.

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