Não é por acaso que a grande mídia brasileira não deu destaque ao fato de Helder Barbalho ter sido, proporcionalmente, o governador mais votado do país no 1º turno. Isso porque o nome Barbalho, que a própria família deixou de usar por estar associado diretamente à corrupção, atrapalharia a campanha de Lula, além de chamar a atenção para Jader Barbalho, outro que dispensa apresentações. Mas, porém, contudo, nem todos seguem as regras. Tanto isso é verdade que o site Terra publicou, nesta segunda-feira,10, longa matéria falando da linhagem de grandes empresários no poder, dando destaque, em primeiro plano, com direito a foto, para o governador do Pará, Helder Barbalho.
O texto fala que a campanha do filho de Jader Barbalho foi milionária. No total foram recolhidos R$ 8,7 milhões, cujos 95% vieram do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Outros R$ 400 mil são oriundos de doações de pessoas físicas, onde R$ 300 mil foram doados por sua mãe, a deputada federal em exercício e reeleita Elcione Barbalho (MDB). Veja abaixo a matéria, na íntegra:
Governador eleito mais votado do Brasil mantém linhagem de grandes empresários no poder
Helder Barbalho (MDB), foi reeleito no primeiro turno para governar o Pará. Filho do senador e empresário Jader Barbalho e da deputada federal Elcione Barbalho, Helder recebeu R$300 mil reais da mãe para sua campanha.
Entre as 213 candidaturas que se candidataram a governador, o Helder Barbalho (MDB), governador reeleito do Pará, alcançou a maior proporção de votos dos estados, com 70,41% dos votos. Helder é filho do senador Jader Barbalho (MDB), político paraense com mais tempo de vida pública e o que mais acumulou cargos. A família Barbalho é proprietária do Grupo RBA de Comunicação e do jornal Diário do Pará, além de ser acionistas da TV Tapajós, afiliada à Rede Globo.
Helder fez uma campanha milionária. No total foram recolhidos R$8,7 milhões cujos 95% vieram do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC). Outros R$ 400 mil são oriundos de doações de pessoas físicas, onde R$300 mil foram doados por sua mãe, a deputada federal em exercício e reeleita Elcione Barbalho (MDB).
Para se ter uma ideia da longevidade da família na política, Jader Barbalho liderou o MDB à época da Ditadura militar brasileira, ficando conhecido como um dos principais nomes nacionais no processo de redemocratização do Brasil. Ele dá nome ao bairro Jaderlândia, em Ananindeua, e ao Estádio Jader Barbalho, em Santarém.
Helder manifestou apoio ao ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na campanha ao segundo turno da presidência da República. O objetivo agora é garantir que o povo vote. ‘Vamos reduzir a abstenção e evitar que o povo se desmobilize’, disse o governador do Pará para a rede nacional de imprensa.
O segundo colocado em número de votos e eleito foi Carlos Roberto Massa Júnior, governador do Paraná pelo PSD. Mais conhecido como Ratinho Junior, o governador também é herdeiro de um dos mais expoentes comunicadores brasileiros Carlos Roberto Massa, o Ratinho. Ratinho é declaradamente apoiador do atual presidente Jair Bolsonaro. A família Massa também é proprietária do Grupo Massa, um conglomerado empresarial atuante nas áreas de comunicação (Rede Massa), agronegócio, gestão e licenciamento de marcas. Além disso, seu pai também foi deputado federal pelo Paraná entre os anos de 1991 e 1995.
Na outra ponta, Ibaneis Rocha, também do MDB, foi o governador eleito no primeiro turno com a menor proporção dos votos, 50,30%. Ele, que também é empresário, ligado principalmente ao ramo imobiliário, vai governar o Distrito Federal pela segunda vez.
A Alma Preta Jornalismo em parceria com o Instituto Data_Labe compilou os principais dados sobre os governadores eleitos e que ainda estão em corrida pelo resultado do segundo turno. Os dados foram levantados a partir de informações do TSE obtidas pelo programador Paulo Mota, integrante do laboratório de dados e narrativas localizado na favela da Maré, no Rio de Janeiro.
Conforme levantamento, Tarcísio de Freitas é o governador mais votado do país com números absolutos. O engenheiro, militar da reserva é filiado ao partido Republicanos. Foi ministro da Infraestrutura no governo Jair Bolsonaro, diretor executivo e diretor geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes durante o governo Dilma Rousseff. Ele teve 42,32% dos votos em São Paulo, o que corresponde a quase 1 milhão de votos. A distribuição de votos por candidato é puxada pela quantidade da população do estado, tendo em vista que onde residem mais pessoas existiriam mais votos.
Eleitos x posicionamento
A distribuição de governadores eleitos pelo posicionamento do partido alcançou a maior predominância para os partidos de direita com 8 eleitos. Seguido da esquerda com 4 eleitos e o centro com apenas 3.
Idade
A média de idade entre os governadores foi de 51,26 anos. O candidato mais jovem com 30 anos de idade e o mais velho com 83 anos. Entretanto, a média da idade entre os eleitos é de aproximadamente dois anos a mais do que entre os não eleitos.
Gênero
Dos 213 candidatos a governador, 176 eram do gênero masculino (82,6%). Entretanto, apesar das mulheres serem aproximadamente 17% das candidatas ao governo, entre os eleitos essa proporção caiu para 6,7%, tendo sido eleita apenas 1 candidata, a petista Fátima Bezerra, governadora do Rio Grande do Norte.
Raça
A distribuição de raça/cor entre as candidaturas aos governos foram na maioria de candidatos brancos (58,7% do total). Negros somaram 39,9% do total de candidaturas para os estados. Entre os eleitos vemos uma proporção aproximada de governadores brancos de 60% e, entre os candidatos negros 40%.
Comparativo com 2018
As proporções foram modificadas de forma oposta. Em comparação com as eleições gerais de 2018, as candidaturas brancas eleitas diminuíram 13% e os pardos aumentaram em 13%. No entanto, muitas Unidades Federativas enfrentarão o segundo turno, portanto as proporções podem se modificar.
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