Ainda sobre a operação da Polícia Federal no prédio do TJE do Pará e na residência de 10 desembargadores. Pergunta que não quer calar: se a questão de servidores parentes de desembargadores não é nenhuma novidade, já tendo ido parar no CNJ há anos atrás, porque só agora foi deflagrada a operação que balançou as estruturas e os alicerces da justiça paraense?
Juristas e advogados ouvidos por O Antagônico têm opiniões diversas sobre o tema. Muitos não acreditam que a deflagração da operação se deu, pura e simplesmente, por conta do penduricalho de nomes indicados por magistrados para ocupar cargos no governo.
“É mais crível imaginar que a investigação busca outros objetivos muito mais significativos”.
Disse uma fonte que vê muito viés político na operação, por conta do pedido ter sido feito pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, para muitos, uma bolsonarista. Seguindo esse raciocínio, a operação teria o condão de acertar a gestão de Helder Barbalho, adversário, pelo menos em tese, do presidente da República.
Segundo informações divulgadas pela coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles, o presidente Jair Bolsonaro (PL) teria mantido encontros secretos com a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araujo desde 2020, a quem prometeu inclusive a principal cadeira da PGR, após a saída de Augusto Aras em 2023, caso seja reeleito. Recentemente, Lindôra entrou com um pedido junto ao STF de arquivamento das ações e investigações movidas contra Jair Bolsonaro através da CPI da Covid.
Não é por acaso que governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disparou petardos contra Lindôra, acusando-a de ter “relacionamento” com a família Bolsonaro – de quem Witzel se tornou inimigo – e de “perseguir governadores”. Lindôra, por sua vez, rechaçou em nota as acusações feitas por Witzel. A operação e o afastamento do governador foram determinados em decisão monocrática (individual) do ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves. Quem assina a petição do MPF é Lindôra Araújo – o que explica a irritação do governador com ela.
Nesta gangorra, não se sabe o dia de amanhã, uma vez que Jair Bolsonaro, nas últimas visitas que fez ao Pará, sequer citou o nome de Helder Barbalho. O mesmo vem ocorrendo com o governador do Pará, que aparece em posição confortável nas pesquisas de intenção de voto, mas que evita falar em Bolsonaro. Botando mais lenha na fogueira, o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, publicou, na última quinta-feira, 18, que, no primeiro turno, Helder não manifestará apoio, nem para Lula, nem para Bolsonaro e nem para Simone Tebet, a candidata do MDB à presidência da República.
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